segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O Sargento e o Bem-te-vi



O Sargento e o Bem-te-vi



Reza a lenda que um sargento um dia foi para a guerra. Dizem que um dia um sargento foi participar de uma guerra. E era apenas uma missão de paz, na América Central, do tipo que os americanos incentivam e promovem escudados por ações da ONU. E era uma missão com jeito de parques de diversões. O sargento voltou com fotos de companheiros feridos a base de decúbitos e muito ketchup, tentando convencer os outros que estivera em um parque de horrores. Um deles, o destino não o deixou voltar, por um descuido de um companheiro. Durante uma inspeção de armamento, um projétil amigo o atingiu. Caso contrário o retorno da tropa, seria como escrito em relatórios de guerras com históricos: OK (zero killer). 

Mas o sargento trouxe em sua bagagem hábitos da convivência, ou hábitos de observação. Um hábito também registrado em filmes. Chegar a casa, abrir a geladeira, sacar uma cerveja, e abrir a lata de modo que muitos vejam ou escutem seu hábito de vencedor. Há algum tempo ainda era acompanhado de um acender de cigarros, e após o retorno da jornada, um isqueiro com fluido e pedras completava a cena. Anos de treino podiam conferir uma agilidade, ao abrir o isqueiro e uma chama surgir.

Uma das funções de um sargento no comando de uma patrulha é hostilizar, e aliada a grosseria nativa, o sargento sabia muito bem exercer a hostilidade, não importando o lugar. Como citou Gramsci, certa vez: os primeiros inimigos, nós conhecemos dentro da própria casa. E parece que encontrou inimigos em casa.

Uma patrulha é formada por um pequeno grupo de cinco ou seis elementos. Um grupo possível de contar nos dedos. E basta estar diante de um elemento, ou de um pequeno grupo, para o sargento tentar mostrar sua suposta capacidade de comandar. Como sempre disse ele, se falar que pau é pedra, tem que aceitar. Por outro lado se santo de casa não faz milagre, um bom fato ou uma boa ideia dentro da própria casa, coisa que não são de sua autoria, ele nunca vai aceitar. Por vezes usou o pau e a pedra para julgar e condenar. 

Outra função da patrulha é buscar informações sobre o inimigo e trazer de volta ao comando. Em palavras simples, em atos fora de uma guerra, seria um ato de vigiar e fofocar. E um sargento aposentado ou reformado vai rastejando e na espreita, seus inimigos encontrar. Vai eleger seus inimigos e suas estratégias de guerra, por fim e buscar realizar. Sem controles de comandantes ou de um oficialato o controlar.

Em missão secreta, o sargento um dia foi a Barbacena, conseguir informações e tentar um comando influenciar. Era apenas um sargento, não podia com um Brigadeiro negociar. Sua ordenança imediata, um dia também arriscou missões secretas, na intenção de informações para negociar. Suas ordens nunca foram muito claras, para um dia poder regatear. Apenas um oficialato define ordens e informações claras. Subalternos não precisam entender muito sobre suas missões, basta cumprir o determinado. E tanto é assim que entendem o que querem. Julgam que seus supostos e desejados subalternos, executem suas ordens, tal como, por eles determinadas.

Insistem no antigo ditado de que enquanto alguém vai com o milho já estarão voltando com o fubá. Insistem em ir ao moinho moer milho para obter o fubá. Hoje já não se tritura mais o milho, vai-se a uma padaria obter um pão de milho ou um cuscuz de milho já pronto. Agora enquanto eles ralam a macaxeira alguém já esta comendo a tapioca.



Não percebem que em uma corrida de Formula 1, o carro avistado pelo retrovisor poderá não estar atrás em sua retaguarda, mas uma ou mais voltas à sua frente. Enquanto tentam manusear um celular de ultima geração, milhares de conhecimentos são disponibilizados na internet. Quando pensarem em pesquisar algo, não alcançaram um conhecimento. Perdeu-se um grande tempo, testando teclas, ficou muito tempo defasado.

Um dia um sargento conheceu um bem-te-vi. Suas missões e suas visões são muito parecidas. Vigiar, espiar, fofocar e delatar, e por fim hostilizar. O sargento age com uma patrulha ao seu comando, enquanto o pássaro bem-te-vi pode ser visto sozinho e em um ponto alto, para vigiar o que vê, e transmitir ao vento. E outro bem-te-vi replicar. 

Pois um dia o sargento conheceu um bem-te-vi. Um bem-te-vi que já fora marinheiro, e um dia comandou um pequeno barco. E os dois com poses imaginadas de oficiais, como dois almirantes traçando planos, puderam por alguns momentos dialogar. Táticas e estratégias discutirem, e da vida de alguém falar. Reuniram-se em um gabinete de portas fechadas para ninguém escutar. Mas o bem-tevi não conseguiu sua língua segurar. E questionado, o sargento primeiro negou suas palavras, chegou quase a jurar. Mais tarde um dia, restou ao sargento apenas confirmar.

O sargento machão que um dia criticou e proibiu um filho na cozinha, de experiências realizar. Nuca lhe ocorreu que sabores e saberes andam juntos. Hoje vive ralando cocos, descascando e ralando espigas de milhos. Descascando e cortando frutas, para em um forno inventado colocar. Passa horas dando nós em barbantes para não criar suspeitas que faça um crochê. Ajuda a cortar retalhos que depois serão emendados. E este sargento segue a risca os horários da sua nova caserna, segue a risca um toque de recolher para o ultimo capitulo da novela não perder. 

Pegadinhas são seus programas favoritos, formado por pequenas histórias repetidas por varias vezes e seguidamente, sem diálogos ou com diálogos curtíssimos. Só lhes resta entender a pequena história e rir de gargalhar.

Por enquanto basta isto falar, mas muita coisa ainda teria citar. Como hábitos de povo nordestino: sentar em uma cadeira na porta para tricotar e fuxicar. Hábitos que se confundem como um desmontar e montar de um armamento ou uma ferramenta.

Este texto está disponível em:



AVISO/NOTICE/AVISO

* Esta é uma história de ficção. Qualquer semelhança com casos ou pessoas terá sido mera coincidência
 * This is a fictional story. Any resemblance to actual cases or persons is entirely coincidental
 * Esta es una historia de ficción. Cualquier parecido con casos reales o personas es mera coincidencia



O texto aqui escrito pode ser mais bem compreendido consultando outro texto:
Entre peças e praças”.  

Entre peças e praças”.  
Um texto que está disponível em:


Roberto Cardoso
Entre Natal/RN e Parnamirim/RN em 05/01/15




Nenhum comentário:

Postar um comentário